12 de dez. de 2010

Recado breve

Como dizia Drummond, "talvez as coisas melhorem, são tão fortes as coisas", ela espera, decepção. A verdade é que tudo piora, as coisas não duram, o tempo não é palpável.As coisas sobrevivem sem os outros, e doem no inicio, ou para sempre, ou nem doem. Todos tem seu próprio tempo. Queria mesmo era dizer pra ela, que não dói, porque sei que ela está ali, mas como ela vai dizer o mesmo se eu sumi.

OTempo...

Antes do sol nascer...durmo!
Logo o sol lança sobre minha janela seus primeiros raios...
É hora de Levantar.. O dia me espera...
No trabalho, a presença jovem, alegre dos alunos me envolvem até a hora da saída...
Quase noite, se não fosse o horário de verão...
Em casa espero um contato virtual...

Essa semana o tempo foi curto...
Cansada pego no sono...
Quem sabe amanhã uma noticia... ou melhor... uma visita...
Ainda não foi hoje... Saudade ...
AH! saudade...
Há Saudade!!!!!!!!!

Regina 12/12/2010

10 de dez. de 2010

Saudade

Saio antes de o sol nascer, volto com o sol se pondo, penso como a idéia de tempo é efêmera mesmo. Lembrei de você ao pensar em animais usados em laboratórios, a verdade é só o abate.


Bruna A. 10/12/2.010

7 de nov. de 2010

De dar água na boca

Valéria era magra, quase seca. Não sabia cozinhar, era um desastre em tudo. Quando não queimava, salgava ou ficava cru. Seu marido, típico sujeito grosseiro e sujo. Ele chegava às pressas como um touro morto de fome. Enchia o prato, mas quando levava a boca, sentia o pior sabor que seu paladar poderia sentir. Amargo, queimado, salgado e meio cru.
Ele levantava e logo dava um bofete na mulher de virá-la no chão. Valéria, não chorava, nem reclamava, apenas levantava e jogava tudo fora. Tudo sempre clichê, a clausura de sua impotência todos os dias. Haveria de algum dia um clímax acontecer?
Como de costume, seu marido chegou como um touro morto de fome, desta vez algo novo. Uma panela cheia de arroz, mas não um arroz qualquer, uma receita nova. Ariovaldo a olhou por cima, sentou-se. Suas unhas podres e a falta de dentes em sua boca eram abomináveis. A ausência de humanidade era tão precária, que começou a comer com as mãos, um verdadeiro animalesco. Uma pausa. Valéria inspira. Ariovaldo cai. Valéria respira. Ariovaldo tem uma convulsão. Valéria levanta, Ariovaldo morre!
O vidro de soda caustica estava no lixo. Um bilhete havia sido deixado em cima da mesa. “Querido, desta vez acertei na receita, o sabor estava de matar.”

Danillo Amaral 07-11-2.010

1 de nov. de 2010

Desperto para mais um dia!


Desperto para mais um dia...
A vida me oferece milhões de opções... Posso escolher..
Olhar as ervas daninhas que estão crescendo?
Ou admirar as flores que estão tomando conta do jardim nestes dias de primavera...
Também não tenho escrito, as palavras estavam descansando em algum lugar longe da minha cabeça... Acho que resolveram aparecer... Mas só as alegres, de bem com a vida.
Palavras têm poder... Já ouvi isso tantas vezes... E acredito...

Desperto para mais um dia e desta vez escolho ser feliz...
Houve tanto dias tristes, aqueles que não temos escolha... São assim e pronto.
Mas se as palavras têm poder, nosso pensamento pode acompanhá-las...
E os dias tristes podem ficar pra trás...

Desperto pra a vida! Escolho ser feliz!!!

Crônica do dia triste


Desperto e abro os olhos para mais um dia, a vida não me oferece nada... Num hiato de quase 1 mês sem escrever, acumulo livros mentais que tentarei resumir: a vida não vale nada, a felicidade, segundo Marçal Aquino, é algo inventado para enganar feios, pobres e esperançosos, quase todas as formas de suicídio são dolorosas, veneno de rato causa disenteria e te faz morrer sem a menor dignidade, arsênico é algo raríssimo, conhecimento só te traz infelicidade... No fundo, viver é tão difícil quanto morrer.

11 de out. de 2010

O jardim


Era início de primavera e o mato começara a crescer...
Tomava todos os cantinhos do jardim... Por mais que cuidasse sempre chegava a erva daninha (aquele mato indesejado) e tomava conta... escondia as flores e toda a sua beleza..
Pessoas são como plantas.
Algumas cheia de vigor, flores perfumadas... outras murchas pela falta de cuidados...
As parasitas, belas também, porém sugam toda energia de sua companheira... aquela que lhe dá vida...
Há as trepadeiras, que se apoiam em outras...vão crescendo esquecendo-se daquele que a apoiou. Quando vê está tão no alto, tão longe de quem escolheu pra viver, isto porque pensou somente em si...
As árvores solidas, com os troncos grossos, copa redonda, florida ou cheia de frutos, parece um casamento perfeito... semente +terra +água +sol ... duram eternamente...
Já o guando... tão passageiro, suas raízes quase flutuam no solo... não tem raízes profundas, numa ventania é capaz de sucumbir...

Era início de primavera
O chuva que caia quase diariamente molhava o solo para lhe dar vida... o mato crescia junto das flores, folhagens.... o jardineiro se foi... agora, teria ela que cuidar sozinha do próprio jardim...
Se pegasse um pouquinho por dia, manteria seu jardim bonito...
Prometeu a si mesma que não o deixaria largado...

Era início de primavera...
Inicio... um novo começo...
As flores já começam a despontar e a tomar conta do jardim...
O jardineiro se foi...
Mas o jardim não morrerá...

Regina 10/10/2010

8 de set. de 2010

Reflexões em torno de uma vela

Hoje, quarta-feira (coincidência?), iniciei a leitura de um livro chamado O mundo de Sofia, onde a protagonista recebe uma carta contendo a seguinte pergunta: Quem é você? Ela é Sofia, óbvio. Mas essa pergunta me fez refletir, a identidade é baseada em nosso nome? O nome que recebemos contém um conjunto de características que são iguais aos que tem nome idêntico? Creio que não. Prossegui a leitura, a heroína recebe nova carta desta vez a pergunta é: De onde vem o mundo? Do Big Bang, ou para os mais ingênuos, a criação veio de Deus. Não cheguei à próxima correspondência, chuva forte, ventos e falta de luz. Acendi uma vela, pensei que retornar a leitura, mas a chama ilumina muito pouco, e eu não tenho uma visão excelente faz tempo... De repente me veio à mente uma sala obscura, com objetos mágicos e feiticeiros estudando o tão cobiçado Grimorium Verum, hoje totalmente disponível e desmoralizado em versão pdf. Logo eu que tenho uma fobia feroz e assumida por coisas sobrenaturais, mas Sofia me fez refletir que a vida real também é misteriosa, talvez até mais. Mas pensar nisso me dá certo mal estar. Como disse Clarice Lispector um pouco antes de morrer: Ser criança é sempre mais fácil, pois se tem fantasia, mas o adulto é secreto, e quase sempre triste e solitário.
Bruna A.

7 de set. de 2010

Dia de Dentista!!

Estava viajando... feliz da vida...
Acordou cedo para aproveitar o lindo dia de sol....
O café estava servido com deliciosos quitutes.... conversavam as quatro, animadamente, enquanto saboreavam o café da manhã... iriam a cidade mais tarde!
Foi aí que aconteceu... aquele ultimo pedacinho de dente, que segurava o bloco, partiu com uma mordida no biscoito... Não era qualquer biscoito...era um delicioso biscoito feito ali na região...
É mais agora estava o seu dente quebrado. Ele não doía, porém sua língua passava por ele a todo momento.
Assim que chegar em casa pensou, telefonarei para o dentista.
Sua língua, não sabia por que motivo, passou o resto do dia conferindo a perda do dente. Não sei por quê e nem pra quê... mas, no fim do dia, sua língua estava toda cortada...
Bom, pensou, amanhã resolverei isso, ligarei bem cedo.
O dia fora muito gostoso, apesar do dente, ou da falta dele...
Passearam pela cidade, almoçaram e logo após o almoço pegaram a estrada. No final da tarde chegava em casa. Era domingo, nada para fazer... Há muito nem ligava a televisão... Sua distração: o computador...
E lá foi ela pro computador... joguinho, conversa com amigos, uma olhadinha nos blogs... uma partidinha de sinuca... antes de sair, sempre uma partidinha de paciência.
Foi dormir. Já era tarde e a língua incomodando... É só até amanhã pensou...
A noite foi tranquila... dormiu...
O dia amanheceu e assim que a hora ficou adequada, ligou para o dentista:
- Alô Ivone? Preciso de um horário, estou com um dente quebrado...
- Sinto muito, ela disse, ele está de férias, viajando, só volta na outra semana...
As ultimas palavras nem chegou a ouvir direito...
- Não acredito!! O que irei fazer? Pensou...
- Tenho horário para a outra semana, 5ª feira, 2,30h...disse a secretaria...
- Só na quinta? .... É fazer o quê? Marque!!
Ela continuou... confirmando a consulta... Não a ouvia mais...
O que faço? Acho que tenho mesmo que esperar pensou.
O tempo passa, e passa rápido...
1ª semana... passou que nem percebeu... 2ª semana... já estava chegando o dia...
O dia do dentista...
Quinta feira acordou e não foi trabalhar... Era dia do dentista!
Parece até que ela adorava o dentista.... na verdade não tinha nada contra a pessoa dele, mas aquele motorzinho... e a anestesia?... Canal, argh ! Não tem nada de bom no dentista, só a hora de ir embora...
Saiu de casa cedo... Antes ela deu um volta... Mandou fazer seus óculos, comprou algumas coisas que precisava, viu vitrine... Até chegar a hora marcada..
Já faziam mais de dois anos que ela não aparecia por ali... o saguão do prédio estava todo mudado, chegou a ficar em duvida se era o prédio correto...
Ela gostava de seu dentista, o que não gostava era de sua profissão...
Se tem uma coisa que não muda é o horário... Eles sempre chegam atrasados... Dentistas, médicos... São todos iguais...
Chegou uns dez minutos antes da hora marcada, acho que para esperar mais um pouco e garantir que seria a primeira... Enquanto esperava, escrevia... gostava de escrever...
Ele chegou quase três horas, isso porque mora a uns duzentos metros do consultório...
Chegou com sua esposa, também dentista. Cumprimentaram –na e sumiram ao fechar a porta , foram para seus consultórios...
Logo a chamou... Ela era a primeira vitima... rsrsrs
Entrou e ele perguntou como ela estava. Constatou o seu sumiço... 2 anos e 2 meses...
- Demorou a aparecer desta vez... disse ele
- É porque estava tudo bem, não tinha nada pra que vir aqui?
- Noticias? Boas ou ruins, o que me diz? Ele estava falando de um assunto que ela não queria conversar.. e respondeu-lhe simplesmente que nada havia mudado.
- Depois de mais algumas perguntas e outras tantas respostas, sentou-se na cadeira para que ele a examinasse... Mostrou-lhe o dente quebrado..
Ele então começou o seu trabalho... e como sempre abriu o cantador... Ele gostava de cantar... Músicas antigas, da época da jovem guarda...
Ela nada podia falar, já que sua boca aberta era somente para tratar dos dentes...
Não demorou muito o seu trabalho...
Quinze a vinte minutos deve ter sido o tempo que ficou ali de boca aberta...
- Pronto, acabei. Disse o dentista..
Seu dente novamente restaurado...
Levantou-se feliz daquela cadeira. E perguntou-lhe se havia mais alguma coisa a ser feita...
- Não vi nada, disse ele...
- Oba!! Então, até daqui há uns dois anos...rsrs
- Não é bem assim, quero dar uma olhada melhor, tirar umas radiografias, vamos marcar?
- Pra daqui a dois meses, pode ser? Interrompeu, com suas gracinhas.
- Pode ser, disse ele.
- Quando cai? Perguntou-lhe.
- Meado de outubro...
- Não podemos deixar pra Novembro? Outubro estarei muito ocupada... disse ela
- Combinado inicio de novembro...
Despediu-se.
Saiu do consultório, aliviada...
Agora só novembro... o próximo Dia de Dentista!!!

1 de set. de 2010

MINHA ORAÇÃO –



FAZ DOIS ANOS QUE MEU FILHO PARTIU

Da minha janela quando amanhece vejo as últimas estrelas no céu e, ao mesmo tempo, os primeiros clarões da madrugada. É um momento sublime, em comunhão com Deus, agradeço por estar com Ele na beleza do dia que começa e no silêncio do amanhecer. Ao acordar sinto, no ar da manhã que respiro a presença Dele me fortalecendo para mais um dia de vida. Então, além de agradecer, choro pelas despedidas, pela saudade (saudade é a lembrança que fica), pedindo que Ele me conforte e me ajude a não cultivar nenhuma amargura no coração.
Buscando respostas para os minhas saudades, ouvi o canto triste de uma sabiá junto à minha janela. O seu canto se misturou com os meus sentimentos e, no seu lamento, se encontrou comigo. Percebi a tristeza da sua mensagem. Era forte e comovente o seu canto tentando proteger os seus filhotes de um predador, um gavião que em vôos rasantes investia contra o seu ninho. A nossa força vem justamente de nossa fraqueza, do sofrimento que nos faz lutar e transformar a dor em esperança. Vivemos
num mundo inquietante, de desafios, lutas, dúvidas, agressões, dores que geram inseguranças. A vida é uma construção constante. Como nos defender do que ameaça? A sobrevivência instintiva, inata, é comum a todos os seres. Um amigo, da nossa Família Parkinson, fazendo um comentário sobre o livro Era Outono em Barcelona, O meu encontro com Mr. Parkinson, afirmou: os búfalos e touros são os únicos seres a investir contra o perigo mesmo na eminência da morte. Se por um lado nisso se sustentam as touradas espanholas e surrealistas, o fato é que esses animais lutam, até morrer numa tentativa de garantir sobrevivência. Assim tem sido o mundo. Um jogo entre os seres que nele habitam pela sobrevivência de cada um.
A dor é solitária, nos faz acreditar que o frio está lá fora, mas o que sentimos realmente é um frio da alma, ainda, inconformada, imperfeita. Numa dessas manhãs, sob a lembrança de um sonho que me fez muito feliz, olhei para o céu e senti a sua presença. Sua imagem foi se apagando com a realidade da luz de um novo dia. Aquele momento ficou registrado na minha mente e, tive a certeza, absoluta, que você continuava vivo. Você não existe apenas nos meus sonhos. Sonhar dá significado à vida.
Sigmund Freud, criou um saber inteligente, construindo a sua teoria psicanalítica no terreno, ainda, desconhecido dos sonhos. Colheu exemplos de sonhos infantis identificando um elemento comum: todos eram simples e indisfarçadas realizações de desejo. ( F, Sigmund, A Interpretação de Sonhos vol. v. pag. 580 )
O sonho antecede a toda realização. Sonho não pode ser fuga, alienação.
Manuel Bandeira falava da sua dificuldade de sonhar. O poeta no seu lamento, dizia: ?Em que esquina do passado perdi meu coração de criança?
Nas minhas orações, olho para o céu e contemplo as estrelas. Posso ouví-las no meu coração. Falem comigo: em que estrela, em que lugar se encontra o meu filho?

MONICA DE OLIVEIRA SOUTO



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Ayollas

Dia destes estava a admirar a imensa quantidade de água existente no Rio Paraná, exatamente no porto de uma cidade do Paraguay, que se chama Ayollas, cujo território da outra margem do citado, encontra-se outro país, isto é o rio é o marco divisório com a Argentina.
Para melhor ilustrar esta crônica, vamos começar informando como se forma o grandioso Rio Paraná, o seu percurso e a desembocadura no Oceano Atlântico, o chamado delta do Paraná.
Cabe informar que na língua tupy a palavra Paraná, significa – parece com um mar.
O Rio Paraná nasce na tríplice fronteira formada pelos estados de São Paulo com Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Ele é formado pela união do Rio Grande ( que divide São Paulo e Minas Gerais ) com o Rio Paranaíba ( Mato Grosso do Sul ).
A partir desta junção de águas dos dois rios, nasce o Rio Paraná, com a extensão total de quase 4.000 quilômetros.
Recebe como afluentes diversos rios, mas destacamos os mais importantes como : Rio Tiete, Rio Paranapanema ( no Brasil ), Rio Paraguay ( na Argentina ), Rio Uruguay ( Uruguay divisa com Argentina ).
Portanto ele percorre quatro países, às vezes estabelecendo fronteiras, outras vezes não.
O Rio Paraná tem muita importância na questão das hidrelétricas, pois além da Usina Itaipu ( uma das maiores hidrelétricas do mundo, quase na junção com o Rio Iguaçu – divisa com o Paraguay), tem Usina de Ilha Solteira, Usina de Jupiá,e Usina de Porto Primavera, todas geradoras de energia, e localizadas no Estado de São Paulo e a Usina de Yaciretá ( na divisa de Paraguay e Argentina ).
Finalizando, esta exposição geográfica informa que o Rio Paraná deságua no Oceano Atlântico na nossa vizinha Argentina, onde ele recebe o nome de Rio da Prata.
Abro outro parêntese, para esclarecer que a palavra Argentina é derivada de “ argentum “, elemento químico, do símbolo Ag, que nada mais, nada menos é a nossa conhecida prata.
Volto agora ao inicio desta crônica, quando estava impressionado com a enorme quantidade de água existente no Rio Paraná, em Ayollas. Estava a imaginar como é que pode – num futuro próximo – haver falta de água doce ?
Imaginem vocês que no local mencionado a distancia entre as margens – em determinados pontos – chega a atingir a incrível marca de trinta e tantos quilômetros. Segundo os ribeirinhos alguns lugares a profundidade do rio alcança a oitenta metros.
É muita água, vocês não fazem idéia da quantidade de água, por isso os índios tupy denominaram o rio como: “ parece um mar “.
Uma coisa maravilhosa os paraguaios estão desenvolvendo. Trata-se de um projeto de proibir a pesca do peixe conhecido como o “ rei do rio”, ou seja, o conhecido e admirado dourado. Apreciado quer pela beleza de seus saltos quando fisgado, quer pela sua beleza dourada, quer pela delicia de saborear sua carne.
O projeto com a proibição tem a finalidade de preservar a espécie, que vivia ameaçada de extinção e tem prazo determinado com a duração de cinco anos.
Bom para encerrar é importante ressaltar que na época das chuvas que assolam o estado de São Paulo (nos meses de dezembro a fevereiro em média), os ribeirinhos ficam atentos para com as noticias dos jornais televisivos, pois saibam vocês, que toda vez que chove muito neste estado referido, as águas aumentam muito de volume nos Rios Grande, Tiete e Paranapanema e acabam influenciando no local, provocando enchentes por toda a região, com a água chegando a subir quinze metros acima de seu leito natural.

PAULO R SIMÕES – 10/08/2010

28 de ago. de 2010

Ele ficou por fazer....

O dia havia chegado! Esperava por aquela visita há tempos.
Levantara cedo para ver se estava tudo a contento. Casa arrumada, tudo no lugar.
Colocou uma roupa especial que comprara para aquele momento.
Havia feito as unhas, cortado seu cabelo, tudo para estar linda naquele dia.
O tempo não passava, acordou cedo demais talvez...
Viria para o almoço, marcaram ao meio dia, e ainda eram dez horas..
Resolveu fazer alguma coisa, precisava fazer o tempo passar...
O almoço estava quase pronto... A sua ajudante deixara tudo adiantado. Preparara seu prato predileto, estrogonofe, ficara faltando apenas o arroz que deixara pra fazer na hora... Resolveu deixar o arroz lavado, para adiantar...
Tirou do armário a louça que usava em ocasiões especiais, tinha sido de sua mãe. Pegou ali pratos e travessas. No faqueiro, os talheres. Os copos, escolheu cuidadosamente na cristaleira, herança de uma tia muito querida, que viveu mais de cem anos... Levou tudo para cozinha para passar uma água, afinal estavam guardados há algum tempo. Enquanto a louça secava, foi buscar a toalha da mesa. Esta, bordada a mão em ponto de cruz era a sua preferida. Outra herança... Outra tia...
Há muito tempo não a via, mas era como se o tempo não houvesse passado.
O amor que sentia era o mesmo.
Colocou flores na escada para recebê-la. Escolhera com cuidado!
Talvez viesse com uma amiga...
Arrumou a mesa com carinho. No meio da mesa um arranjo, que preparou com flores do seu jardim...
Estava tudo pronto! Quase onze meia... Agora faltava pouco... Estava muito ansiosa...
Resolveu sentar em sua poltrona predileta para relaxar... Pegou um livro em cima da mesinha que ficava ao lado e tentou concentrar-se na leitura... Inútil...
Seu pensamento pairava por outras histórias... Ficou ali pensando... O tempo foi passando...
Meio dia! O sino da igreja tocou alto... Ouviu as badaladas como se fosse o anúncio de sua chegada.. De novo o silêncio...
Voltou aos seus pensamentos... Deve estar atrasada...
O tempo foi passando... quinze, vinte , trinta minutos... Ainda é cedo pensou!
Foi até a porta. Olhou o portão por longos segundos... Nada!
Voltou à poltrona... Pegou novamente o livro, retomou a leitura, mas as palavras pareciam flutuar... Fechou os olhos, cochilou por algum tempo.
Acordou assustada com o telefone...
Atendeu rapidamente...
Do outro lado, sua visita desculpava-se.
Sua decepção estava agora estampada em seu rosto.
Desligou o telefone e deixou-se cair no sofá de qualquer jeito...
Dali avistou a mesa posta... Tanto carinho...
Ficou ali inerte por um longo tempo... Até que sentiu fome e levantou-se.
Foi até a cozinha olhou o arroz secando, esperando, mas não teve vontade de fazê-lo.
Esquentou o que estava pronto, comeu sem prazer nenhum, apenas para matar sua fome...
A mesa ficou posta aquele dia todo... Talvez tivesse a esperança dela ainda chegar...
Passou o resto do dia ali, pensando como poderia ter sido... Talvez tenha que esperar mais um pouco... pensou...
Levantou do sofá, resolveu tirar a mesa... guardou os pratos e travessas, os talheres no faqueiro... os copos retornaram à cristaleira...
Mas a toalha, essa ela não tirou. Deixou ali com o arranjo..
Para lembrar talvez... Que ainda não foi desta vez!!!..

27/08/2010 Regina M Pereira

27 de ago. de 2010

O vestido...

Naquele dia ela me ligou.
Tinha uma festa e queria colocar seu vestido preferido. Era um vestido justo e comprido, uma estampa sóbria, suas cores: preta, cinza e branca... . Mas era um vestido de malha e ainda sem manga. Era inverno!
O que fazer? Achei que não seria adequado... Estava muito frio.
Mas como iria eu lhe falar isso, afinal com quase oitenta anos, ela tem o direito de vestir o que quiser...
Disse-me que uma blusa por baixo dele resolveria... Imagina!
Não será suficiente, retruquei.. Ela insistiu..
Lembrei... Quase oitenta... Está com vontade.. Tem direito !!!
Amanhã vou ajudá-la a por seu vestido... Há de haver um jeito...
Há algum tempo passamos a ser amigas. Ela me pede ajuda quase sempre, sabe que não direi não, porque gosto de ajudá-la, de estar com ela... Sinto como se fosse minha mãe... Cuida de mim e eu dela... Somos amigas!
Lembro de quando comprou o vestido, foi no Natal faz dois ou três anos. Estava tão feliz com seu vestido comprido. Ela é muito animada. Está sempre querendo sair, passear, pena que seu marido não seja “passeador como ela”... é um custo para ela convencê-lo a dar umas voltas por aí...
Às vezes ela sai com uma sobrinha, que como ela, adora passear... Sempre vão ao centro da cidade... Quando recebe seu pagamento gosta de fazer umas comprinhas... Ir a médicos então é quase um divertimento, pois esses ela tem aos montes, de toda especialidade...
E claro que precisamos de médicos, e os idosos mais ainda, pois além de cuidar do corpo, eles precisam de atenção, uma certeza de ter alguém cuidando deles. Apesar da família e amigos...
Alguns não têm essa sorte de ter uma família que faça esse papel, existem tantas pessoas sozinhas...
Ontem ela veio me visitar, moramos uma ao lado da outra e fazia tempos que não nos víamos e nem conversávamos, às vezes ficamos semanas sem nos ver...
Amanhã irei a casa dela, ajudar com seu vestido. Vamos ver no que vai dar...
De manhã logo cedo, ela me ligou. Eu estava no banho me aprontando para ir vê-la. Combinei que estaria lá em alguns minutos... Seria o tempo de “um banho e um vestir”. Enquanto me arrumava comecei a pensar o que levaria para combinar com o vestido. E ao mesmo tempo deixá-la abrigada e quentinha... O que teria eu para combinar com seu vestido comprido?
Peguei dois casacos: um bege outro verde musgo, que a noite passaria por preto. Levei também duas pashiminas nas cores do vestido, coloquei tudo numa bolsa e lá fui eu...
Toquei a campainha e ela atendeu no mesmo instante. Me esperava ansiosa. Lavava a louça do café pra passar o tempo...
Sem pestanejar ela me levou para o seu quarto...
O vestido estava lá esticadinho, passadinho... em cima da cama...como personagem principal. Ela o mostrou, orgulhosa. Ao lado, uma anágua.
Pedi que vestisse o vestido, par ver se combinaria com as coisas que havia trazido, e o mais importante, se isso tudo a deixaria quentinha... Essa era na verdade a minha preocupação... Afinal ela tinha quase oitenta...
Enquanto vestia o seu vestido lembrou-se de uma echarpe que comprara e ainda não usara. Não havia tido ainda uma oportunidade.
Tirou a echarpe do armário, era preta fofinha, cheio de bolinhas... Decidi guardar as pashenminas... A echarpe ganharia a parada! rsrsss
Quando colocou o vestido e olhou-se no espelho é que percebeu sua barriga... Disse-me que era resultado de uma cirurgia que fizera, o medico havia alertado que isso poderia acontecer... Falarei de novo com o medico, me disse.
Fiquei um pouco preocupada com aquilo, mas não deixei transparecer...
Mas, voltemos ao vestido...
Ela experimentou primeiro o casaco bege, não gostou, nem eu. Passamos para o verde musgo. Este gostamos, colocou então seu echarpe novo no pescoço e sentiu-se linda. E estava realmente... Mas preocupava-me o fato das pernas estarem apenas cobertas pelo vestido fino e uma meia, também fina.
Disse isso a ela e acho que foi naquela hora que percebeu que iria sentir frio... E se lembrou de um terninho vinho, quentinho... calça comprida e casaco num pano que parece uma lãzinha...
Pedi que experimentasse, ela concordou, acho que pra me agradar, pois tirou o seu vestido e perdurou-o com todo cuidado.. para usá-lo mais tarde...
Pegou uma blusa de lã com gola rolê e colocou por baixo de seu terninho. Sentiu-se aquecida, agasalhada... Pensou bem e decidiu ir com ele e com a sua echarpe, claro...
O vestido ficou ali pendurado... esperando uma próxima ocasião...
À noite, arrumou-se, esperou sua companhia e foram para festa. Aproveitou bastante e nem lembrou mais do vestido...
Com certeza o guardaria no dia seguinte...

Regina - 15/08/2010

25 de ago. de 2010

Quarta-feira, cão e arroz


Andava as voltas para escrever minha crônica semanal, com um tema tão insólito como o arroz, o que se pode dizer do arroz além de que nos serve como alimento e para alguns tratamentos estéticos de resultados duvidosos. Como a dona chefa não deixaria passar em branco e diariamente me interrogava: e a crônica? Já escreveu? Não suportando mais tanta pressão decidi: Hoje escreverei qualquer besteira que seja para não estragar o projeto que ainda está no inicio...
Ironicamente, meus planos de escrever tiveram de ficar para outra hora, minha mãe ligou e pediu que eu fizesse o arroz para janta, deu vontade rir, mas achei perigoso para inspiração tal blasfêmia. Seguindo os procedimentos básicos para preparo, descascar o alho, amassá-lo violentamente, e o arroz lava ou não? Melhor não, economizo tempo. Totalmente concentrada em meus dilemas importantíssimos sou surpreendida: Susto! Um cão entrou na cozinha da minha casa aparentemente faminto. Gritei. Ele correu assustado. Fiquei com raiva, muita raiva, fiquei condoída com o cãozinho, mesmo assim gritei, tentei me justificar pra mim mesma: quem mandou aparecer assim repentinamente?Não sou adivinha...
Lembrei que animais têm olhos dóceis, meu gato tinha, na primeira vez que ele adoeceu eu tive tanto medo de perdê-lo, ele era tão alegre e eu estava tão acostumada, mas ele se recuperou, sempre há uma segunda chance. Enquanto lembrava nostalgicamente tal episódio nem notei que o diabinho voltara, e ainda por cima abanando o rabo energicamente, tão intimo já... Será que os animais conseguem perceber quando temos amor para dar?Até me simpatizei com o fulano, mas não podia me agarrar à ilusão de tê-lo, não retribui suas festinhas desinteressadas. Fui à geladeira e despejei todas as comidas “passadas” num recipiente e dei para ele comer, ele comeu sôfrego, depois lhe dei água e ele bebeu avidamente, e depois?... Ficou me abanando a cauda imunda, sorri e lhe disse:
-De nada...
Ele permaneceu me olhando e balançando o tal do rabo, bati o pé próximo a ele para que fosse, não foi, joguei um pouco de água nele e ele se foi correndo,fui até o portão e observei que direção seguia, continuava a abanar o rabo, talvez não fosse gesto de simpatia, mas um tique nervoso canino vai saber...
Voltei a panela de arroz, penso que hoje o dia terminou melhor do que começou, algo como uma segunda chance.

Bruna A. 25/08/2.010

Iniciando uma vida

Acordou na expectativa, hoje seria o dia que tanto ansiara: reencontrar seu amor, planejara cada momento do dia antecipadamente, as palavras que diria, e as palavras que supostamente Rodrigo escolheria. Penteou-se, maquilou-se e vestiu-se cuidadosamente, olhando-se no espelho pensou, “Não pareço ter mais de 70, bem como o Rodrigo me disse na ultima vez que nos encontramos.” Tomou ares altivos e ganhou a rua, rumou ao ponto de taxi, tomou o taxi e enquanto ia sendo conduzida pensava em Rodrigo, em seu sorriso, seu jeito gentil de dizer as coisas, há um ano atrás não imaginaria que em sua idade poderia apaixonar-se e ser amada novamente. Já era viúva há 10 anos e já havia se conformado com o destino que só poderia convergir em único fim comum a todos, mas então Rodrigo aparecera e tornara tudo aquilo tão suportável e a fizera ver que precisava viver enquanto Deus não lhe levasse. Stop, o táxi parou de chofre ela não percebeu que já havia chegado ao destino indicado, desceu, olhou o prédio alto, e não muito luxuoso, andava tão cheia de energia que os outros jamais desconfiariam quantas vezes precisava ir ali por mês... Ah o amor.
Subiu as escadas cautelosamente, rumou a recepção, não gostava da atendente, olhou-a com certa arrogância, a atendente ignorou ou não notou os olhares de esguelhas que lhe eram lançados, friamente pediu que esperasse, a velha sentou-se resignadamente, afinal estava feliz, veria Rodrigo, e isso valia tudo, até a humilhação não ser tão bonita e jovem como aquela atendente mequetrefe. Foi interrompida em suas reflexões pela própria atendente que lhe indicava a porta a entrar. A velha sorriu, não para a moça, mas para si, estava prestes a vê-lo. O coração acelerou, ela caminhava devagar e entrou na sala limpa e iluminada e onde ele a esperava sorrindo, levantou-se para recebê-la, nos devaneios da velha seria um abraço caloroso e um beijo apaixonado, a voz doce de Rodrigo cortou o clímax:
- Dona Vera o que faz aqui de novo, quantas vezes já lhe disse que a senhora está ótima!
A velha tentou disfarçar a frustração da recepção, sentou e disse com a voz mais languida que conseguiu dissimular:
- Ah doutor Rodrigo! Tenho sofrido com uma dor nas pernas ultimamente... Nem sequer consegui dormir direito essa noite...
O médico com educação e simpatia técnica, cansado e pensando na pensão dos filhos que estava atrasada e nas ameaças da ex-mulher, disse sorrindo:
- Não será coisa da tua cabeça Dona Vera? A senhora precisa distrair-se, passear...
O coração de Vera voltou a iluminar-se, afinal então quer dizer que ele se preocupava com ela, mas não podia se entregar tão rápido:
- Eu bem queria Doutor, mas essas dores não me deixam viver o resto da minha vida em paz...

Bruna A. 25/08/2.010

23 de ago. de 2010

Infortúnios da água

Coisa tão natural para nós que vivemos no meio urbano: abrir a torneira. De onde vem a água?Não importa. Mas quando tão simples ato é ameaçado quando a conta não é paga?
Dia 25, pagamento, costumava levar as contas do mês e quitá-las em seu caminho de volta, conferiu pela milésima vez as papeladas opressoras e contou os centavos, pois jamais deixava troco para operadores de caixa. Pagou tudo como fazia há anos e nem sequer se deu conta de sua falta de atenção, quando ao chegar a casa foi questionado pela esposa:
- Pagaste tudo?
Respondeu mecanicamente:
-E alguma vez deixei de fazê-lo?
A esposa franziu o cenho e voltou à cozinha. Julinho, filho adolescente, estava no sofá entregue ao seu novo hábito, adquirido recentemente, diga-se de passagem, livros de vampiros. Ele, o pai, achava aquilo uma boiolice, mas que pai seria se criticasse o interesse do filho pelos livros... Paciência.
Após o jantar a esposa voltou novamente ao assunto, como que para irritá-lo.
-Me entregue o recibo das contas sim?
Após um longo suspiro ela tenta ser gentil:
-E por que esse interesse tão repentino? Acaso queres se oferecer a pagar as próximas?
Vermelha por vergonha ou humilhação, manteve o mesmo tom inquisidor:
- Dê-me para guardar. Imagina se há algum erro nos computadores da loteria e o pagamento não é registrado, podemos ficar sem luz ou sem água...
O último argumento era quase um desespero, e após refletir ele acabou cedendo. E ela guardou todos os recibos, todas as contas pagas, sentia-se orgulhosa como se ela tivesse pagado com seu próprio dinheiro.
No mês seguinte a surpresa. Não há água na torneira, no chuveiro, na descarga... Ela pega o telefone:
_Alô, que absurdo é esse, como espera que possamos ficar sem água? Exijo um reparo imediatamente!
Uma atendente comum, com voz bonita e texto ensaiado, exerce seu trabalho no outro lado da linha, acostumada a grosserias, responde com a maior paciência:
-“...”
_Como não podem? Nós pagamos as contas todos os meses!
-“...”
- Como não registraram pagamento! Eu tenho o recibo sua incompetente!Processo em vocês!Ouviu bem!
Desliga o telefone como se o próprio aparelho tivesse culpa, ruma em direção aos recibos guardados tão carinhosamente e não encontra, revira novamente: nada de conta d’água. “Opa”.
Acorda o marido:
-Por que não pagaste a conta de água miserável!Deixar sua família sem água!Teu covarde imundo!
Ele meio dormindo meio acordado:
-Está louca mulher?Que absurdo é esse que falas?Pago todas as contas sempre, coisa que você bem poderia ajudar arrumando um emprego!
Engolindo em seco nova humilhação debate:
-Pois desta vez erraste!Cá não está o recibo da conta de água, onde enfiaste? Tu não passas de um inútil!
Obviamente ele nunca admitiria que estava passando tal humilhação por um bobo esquecimento, reviraram os dois os recibos, pastas, gavetas : nada.
Pensou em ouvir insultos da mulher durante o resto ano, de certo havia perdido a tal conta, já que tê-las com ele era de sua responsabilidade, pensou, algo o atingiu:
-Mulher! Não imaginas o que aconteceste!Eu estava lendo um dos livros do Julinho!Livro fascinante aquele... E devo ter posto a conta lá dentro, com certeza foi isso!Acorde o Julinho e mande-o que traga o tal livro que ele estava lendo deitado no sofá certo dia, a conta está lá dentro...

Bruna A. 08/08/2.010

Não estava lá...

Ela entrou como uma bala, e foi direto para a estante onde estava o livro do Veríssimo... As mentiras que os homens contam.
Ela o folheou várias vezes, olhou pra mim e disse:
- Minha mãe, disse que havia colocado a conta aqui... mas ela não está.
Levantei-me e fui ajudá-la... Ela estava agitada.
Procuramos em vários livros...
Todos que ela havia levado pra casa. E não foram poucos...
Até que ela desistiu.
- Ela não sabe onde põe as coisas... Onde já se viu colocar uma conta num livro que nem era dela...
Estava zangada, revoltada..
- Ela deve é ter perdido essa conta! Tenho que voltar pra casa professora, disse ela pra mim...
Despedimo-nos...
Ela havia passado todo o seu dia ali comigo na biblioteca, estudando... conversando... me ajudando...
Havíamos combinado de nos ver no dia seguinte... Estou lhe ensinando alguns trabalhos em linha e lã, ela viria me mostrar...
Checando os e-mails, à noite, vi o seu recado...
- Não poderei ir amanhã! Estava escrito por ela.
Não disse o por quê...
Amanheceu, o dia passou e nenhuma notícia... Ela realmente não apareceu....
Na manhã seguinte fui saber de toda a história...
- O que aconteceu ontem? Perguntei. Algum problema?
- 1º, minha mãe colocou a culpa em mim, pelo sumiço da conta. E claro, que por conta disso eu tive de ir, lá em Alcântara, tirar uma 2ª via...
- Porque não pediu pelo telefone ou pela internet? Perguntei-lhe.
- Minha mãe gosta de complicar, ela não entende... A atendente disse que enviaria pelo correio dentro de uma semana. Ela não quis esperar.
- Coisa de mãe... rsrsrs
- Ah! Tem mais... Como eu sou sortuda, peguei conjuntivite... Sabe Deus de quem!
- E como está sua vista?
- Parece que levei um soco... Me disseram que é por causa do frio que as pessoas pegam conjuntivite...
- De certa forma... No frio as pessoas ficam em lugares fechados e por causa disso, as doenças viróticas se propagam mais facilmente.
Ela ficará por um tempo sem aparecer... Até ficar boa de sua vista. Falaremos pelo MSN, por e-mail...
Enquanto conversávamos, perguntei-lhe o que estava fazendo quando eu a chamei...
- Buscando assuntos pra escrever uma crônica... Nada de mais, é um trabalho do livro, ela me respondeu...
- Já pensou em algo?
- Rachas de carro. Tempos atrás, vi uma reportagem legal na TV, por causa do filho daquela artista que foi atropelado.
Eu a interrompi, voltando para conta...
- Que tal escrever sobre a conta de luz? rsrssrsr
- É conta de água, kkkkkkkk
- Sim, tanto faz...
- Credo! Vou exorcizar essa conta!
- Com uma crônica, poderia ser legal...
- Mas qual seria a mensagem?
- Pode ser a intransigência, da sua mãe, ou a falta de responsabilidade...
- No fundo, eu acho que ela perdeu a conta. E sabe disso.
- O que tem que ter numa crônica?
- Tem que ser um relato rápido, sobre situações cotidianas...
- Sim, e o que mais?
- Tem que conter algo subtendido...
- Com humor?
- Como uma moral, pode ou não ter humor, dependendo do veículo.
- Entendi...
- Tem crônica em forma de poesia... É de péssimo gosto!
- Por quê?
- Perde toda a graça... Poesia é poesia e crônica é crônica!
- É verdade! Mas acho q seria interessante, me deu até vontade de escrever também...
- Faça uma crônica jogral
- Sobre a conta... rsrsrs, não estou falando de poesia., e sim da conta como tema.
- Sim, nem passou pela minha cabeça...
- Escreva, vou tentar escrever também...
- É... Nada mais cotidiano... Sobre a conta!
- O seu cotidiano... Vamos escrever?
- A conta vai ficar famosa.
- Uma crônica sobre a conta que tal? Topa?
- Topo!
A minha está aqui... Consegui!
Na verdade nem sei se isso é uma crônica... Mas escrevi...
Vamos esperar pela dela....


Regina 07/08/2010