28 de ago. de 2010

Ele ficou por fazer....

O dia havia chegado! Esperava por aquela visita há tempos.
Levantara cedo para ver se estava tudo a contento. Casa arrumada, tudo no lugar.
Colocou uma roupa especial que comprara para aquele momento.
Havia feito as unhas, cortado seu cabelo, tudo para estar linda naquele dia.
O tempo não passava, acordou cedo demais talvez...
Viria para o almoço, marcaram ao meio dia, e ainda eram dez horas..
Resolveu fazer alguma coisa, precisava fazer o tempo passar...
O almoço estava quase pronto... A sua ajudante deixara tudo adiantado. Preparara seu prato predileto, estrogonofe, ficara faltando apenas o arroz que deixara pra fazer na hora... Resolveu deixar o arroz lavado, para adiantar...
Tirou do armário a louça que usava em ocasiões especiais, tinha sido de sua mãe. Pegou ali pratos e travessas. No faqueiro, os talheres. Os copos, escolheu cuidadosamente na cristaleira, herança de uma tia muito querida, que viveu mais de cem anos... Levou tudo para cozinha para passar uma água, afinal estavam guardados há algum tempo. Enquanto a louça secava, foi buscar a toalha da mesa. Esta, bordada a mão em ponto de cruz era a sua preferida. Outra herança... Outra tia...
Há muito tempo não a via, mas era como se o tempo não houvesse passado.
O amor que sentia era o mesmo.
Colocou flores na escada para recebê-la. Escolhera com cuidado!
Talvez viesse com uma amiga...
Arrumou a mesa com carinho. No meio da mesa um arranjo, que preparou com flores do seu jardim...
Estava tudo pronto! Quase onze meia... Agora faltava pouco... Estava muito ansiosa...
Resolveu sentar em sua poltrona predileta para relaxar... Pegou um livro em cima da mesinha que ficava ao lado e tentou concentrar-se na leitura... Inútil...
Seu pensamento pairava por outras histórias... Ficou ali pensando... O tempo foi passando...
Meio dia! O sino da igreja tocou alto... Ouviu as badaladas como se fosse o anúncio de sua chegada.. De novo o silêncio...
Voltou aos seus pensamentos... Deve estar atrasada...
O tempo foi passando... quinze, vinte , trinta minutos... Ainda é cedo pensou!
Foi até a porta. Olhou o portão por longos segundos... Nada!
Voltou à poltrona... Pegou novamente o livro, retomou a leitura, mas as palavras pareciam flutuar... Fechou os olhos, cochilou por algum tempo.
Acordou assustada com o telefone...
Atendeu rapidamente...
Do outro lado, sua visita desculpava-se.
Sua decepção estava agora estampada em seu rosto.
Desligou o telefone e deixou-se cair no sofá de qualquer jeito...
Dali avistou a mesa posta... Tanto carinho...
Ficou ali inerte por um longo tempo... Até que sentiu fome e levantou-se.
Foi até a cozinha olhou o arroz secando, esperando, mas não teve vontade de fazê-lo.
Esquentou o que estava pronto, comeu sem prazer nenhum, apenas para matar sua fome...
A mesa ficou posta aquele dia todo... Talvez tivesse a esperança dela ainda chegar...
Passou o resto do dia ali, pensando como poderia ter sido... Talvez tenha que esperar mais um pouco... pensou...
Levantou do sofá, resolveu tirar a mesa... guardou os pratos e travessas, os talheres no faqueiro... os copos retornaram à cristaleira...
Mas a toalha, essa ela não tirou. Deixou ali com o arranjo..
Para lembrar talvez... Que ainda não foi desta vez!!!..

27/08/2010 Regina M Pereira

27 de ago. de 2010

O vestido...

Naquele dia ela me ligou.
Tinha uma festa e queria colocar seu vestido preferido. Era um vestido justo e comprido, uma estampa sóbria, suas cores: preta, cinza e branca... . Mas era um vestido de malha e ainda sem manga. Era inverno!
O que fazer? Achei que não seria adequado... Estava muito frio.
Mas como iria eu lhe falar isso, afinal com quase oitenta anos, ela tem o direito de vestir o que quiser...
Disse-me que uma blusa por baixo dele resolveria... Imagina!
Não será suficiente, retruquei.. Ela insistiu..
Lembrei... Quase oitenta... Está com vontade.. Tem direito !!!
Amanhã vou ajudá-la a por seu vestido... Há de haver um jeito...
Há algum tempo passamos a ser amigas. Ela me pede ajuda quase sempre, sabe que não direi não, porque gosto de ajudá-la, de estar com ela... Sinto como se fosse minha mãe... Cuida de mim e eu dela... Somos amigas!
Lembro de quando comprou o vestido, foi no Natal faz dois ou três anos. Estava tão feliz com seu vestido comprido. Ela é muito animada. Está sempre querendo sair, passear, pena que seu marido não seja “passeador como ela”... é um custo para ela convencê-lo a dar umas voltas por aí...
Às vezes ela sai com uma sobrinha, que como ela, adora passear... Sempre vão ao centro da cidade... Quando recebe seu pagamento gosta de fazer umas comprinhas... Ir a médicos então é quase um divertimento, pois esses ela tem aos montes, de toda especialidade...
E claro que precisamos de médicos, e os idosos mais ainda, pois além de cuidar do corpo, eles precisam de atenção, uma certeza de ter alguém cuidando deles. Apesar da família e amigos...
Alguns não têm essa sorte de ter uma família que faça esse papel, existem tantas pessoas sozinhas...
Ontem ela veio me visitar, moramos uma ao lado da outra e fazia tempos que não nos víamos e nem conversávamos, às vezes ficamos semanas sem nos ver...
Amanhã irei a casa dela, ajudar com seu vestido. Vamos ver no que vai dar...
De manhã logo cedo, ela me ligou. Eu estava no banho me aprontando para ir vê-la. Combinei que estaria lá em alguns minutos... Seria o tempo de “um banho e um vestir”. Enquanto me arrumava comecei a pensar o que levaria para combinar com o vestido. E ao mesmo tempo deixá-la abrigada e quentinha... O que teria eu para combinar com seu vestido comprido?
Peguei dois casacos: um bege outro verde musgo, que a noite passaria por preto. Levei também duas pashiminas nas cores do vestido, coloquei tudo numa bolsa e lá fui eu...
Toquei a campainha e ela atendeu no mesmo instante. Me esperava ansiosa. Lavava a louça do café pra passar o tempo...
Sem pestanejar ela me levou para o seu quarto...
O vestido estava lá esticadinho, passadinho... em cima da cama...como personagem principal. Ela o mostrou, orgulhosa. Ao lado, uma anágua.
Pedi que vestisse o vestido, par ver se combinaria com as coisas que havia trazido, e o mais importante, se isso tudo a deixaria quentinha... Essa era na verdade a minha preocupação... Afinal ela tinha quase oitenta...
Enquanto vestia o seu vestido lembrou-se de uma echarpe que comprara e ainda não usara. Não havia tido ainda uma oportunidade.
Tirou a echarpe do armário, era preta fofinha, cheio de bolinhas... Decidi guardar as pashenminas... A echarpe ganharia a parada! rsrsss
Quando colocou o vestido e olhou-se no espelho é que percebeu sua barriga... Disse-me que era resultado de uma cirurgia que fizera, o medico havia alertado que isso poderia acontecer... Falarei de novo com o medico, me disse.
Fiquei um pouco preocupada com aquilo, mas não deixei transparecer...
Mas, voltemos ao vestido...
Ela experimentou primeiro o casaco bege, não gostou, nem eu. Passamos para o verde musgo. Este gostamos, colocou então seu echarpe novo no pescoço e sentiu-se linda. E estava realmente... Mas preocupava-me o fato das pernas estarem apenas cobertas pelo vestido fino e uma meia, também fina.
Disse isso a ela e acho que foi naquela hora que percebeu que iria sentir frio... E se lembrou de um terninho vinho, quentinho... calça comprida e casaco num pano que parece uma lãzinha...
Pedi que experimentasse, ela concordou, acho que pra me agradar, pois tirou o seu vestido e perdurou-o com todo cuidado.. para usá-lo mais tarde...
Pegou uma blusa de lã com gola rolê e colocou por baixo de seu terninho. Sentiu-se aquecida, agasalhada... Pensou bem e decidiu ir com ele e com a sua echarpe, claro...
O vestido ficou ali pendurado... esperando uma próxima ocasião...
À noite, arrumou-se, esperou sua companhia e foram para festa. Aproveitou bastante e nem lembrou mais do vestido...
Com certeza o guardaria no dia seguinte...

Regina - 15/08/2010

25 de ago. de 2010

Quarta-feira, cão e arroz


Andava as voltas para escrever minha crônica semanal, com um tema tão insólito como o arroz, o que se pode dizer do arroz além de que nos serve como alimento e para alguns tratamentos estéticos de resultados duvidosos. Como a dona chefa não deixaria passar em branco e diariamente me interrogava: e a crônica? Já escreveu? Não suportando mais tanta pressão decidi: Hoje escreverei qualquer besteira que seja para não estragar o projeto que ainda está no inicio...
Ironicamente, meus planos de escrever tiveram de ficar para outra hora, minha mãe ligou e pediu que eu fizesse o arroz para janta, deu vontade rir, mas achei perigoso para inspiração tal blasfêmia. Seguindo os procedimentos básicos para preparo, descascar o alho, amassá-lo violentamente, e o arroz lava ou não? Melhor não, economizo tempo. Totalmente concentrada em meus dilemas importantíssimos sou surpreendida: Susto! Um cão entrou na cozinha da minha casa aparentemente faminto. Gritei. Ele correu assustado. Fiquei com raiva, muita raiva, fiquei condoída com o cãozinho, mesmo assim gritei, tentei me justificar pra mim mesma: quem mandou aparecer assim repentinamente?Não sou adivinha...
Lembrei que animais têm olhos dóceis, meu gato tinha, na primeira vez que ele adoeceu eu tive tanto medo de perdê-lo, ele era tão alegre e eu estava tão acostumada, mas ele se recuperou, sempre há uma segunda chance. Enquanto lembrava nostalgicamente tal episódio nem notei que o diabinho voltara, e ainda por cima abanando o rabo energicamente, tão intimo já... Será que os animais conseguem perceber quando temos amor para dar?Até me simpatizei com o fulano, mas não podia me agarrar à ilusão de tê-lo, não retribui suas festinhas desinteressadas. Fui à geladeira e despejei todas as comidas “passadas” num recipiente e dei para ele comer, ele comeu sôfrego, depois lhe dei água e ele bebeu avidamente, e depois?... Ficou me abanando a cauda imunda, sorri e lhe disse:
-De nada...
Ele permaneceu me olhando e balançando o tal do rabo, bati o pé próximo a ele para que fosse, não foi, joguei um pouco de água nele e ele se foi correndo,fui até o portão e observei que direção seguia, continuava a abanar o rabo, talvez não fosse gesto de simpatia, mas um tique nervoso canino vai saber...
Voltei a panela de arroz, penso que hoje o dia terminou melhor do que começou, algo como uma segunda chance.

Bruna A. 25/08/2.010

Iniciando uma vida

Acordou na expectativa, hoje seria o dia que tanto ansiara: reencontrar seu amor, planejara cada momento do dia antecipadamente, as palavras que diria, e as palavras que supostamente Rodrigo escolheria. Penteou-se, maquilou-se e vestiu-se cuidadosamente, olhando-se no espelho pensou, “Não pareço ter mais de 70, bem como o Rodrigo me disse na ultima vez que nos encontramos.” Tomou ares altivos e ganhou a rua, rumou ao ponto de taxi, tomou o taxi e enquanto ia sendo conduzida pensava em Rodrigo, em seu sorriso, seu jeito gentil de dizer as coisas, há um ano atrás não imaginaria que em sua idade poderia apaixonar-se e ser amada novamente. Já era viúva há 10 anos e já havia se conformado com o destino que só poderia convergir em único fim comum a todos, mas então Rodrigo aparecera e tornara tudo aquilo tão suportável e a fizera ver que precisava viver enquanto Deus não lhe levasse. Stop, o táxi parou de chofre ela não percebeu que já havia chegado ao destino indicado, desceu, olhou o prédio alto, e não muito luxuoso, andava tão cheia de energia que os outros jamais desconfiariam quantas vezes precisava ir ali por mês... Ah o amor.
Subiu as escadas cautelosamente, rumou a recepção, não gostava da atendente, olhou-a com certa arrogância, a atendente ignorou ou não notou os olhares de esguelhas que lhe eram lançados, friamente pediu que esperasse, a velha sentou-se resignadamente, afinal estava feliz, veria Rodrigo, e isso valia tudo, até a humilhação não ser tão bonita e jovem como aquela atendente mequetrefe. Foi interrompida em suas reflexões pela própria atendente que lhe indicava a porta a entrar. A velha sorriu, não para a moça, mas para si, estava prestes a vê-lo. O coração acelerou, ela caminhava devagar e entrou na sala limpa e iluminada e onde ele a esperava sorrindo, levantou-se para recebê-la, nos devaneios da velha seria um abraço caloroso e um beijo apaixonado, a voz doce de Rodrigo cortou o clímax:
- Dona Vera o que faz aqui de novo, quantas vezes já lhe disse que a senhora está ótima!
A velha tentou disfarçar a frustração da recepção, sentou e disse com a voz mais languida que conseguiu dissimular:
- Ah doutor Rodrigo! Tenho sofrido com uma dor nas pernas ultimamente... Nem sequer consegui dormir direito essa noite...
O médico com educação e simpatia técnica, cansado e pensando na pensão dos filhos que estava atrasada e nas ameaças da ex-mulher, disse sorrindo:
- Não será coisa da tua cabeça Dona Vera? A senhora precisa distrair-se, passear...
O coração de Vera voltou a iluminar-se, afinal então quer dizer que ele se preocupava com ela, mas não podia se entregar tão rápido:
- Eu bem queria Doutor, mas essas dores não me deixam viver o resto da minha vida em paz...

Bruna A. 25/08/2.010

23 de ago. de 2010

Infortúnios da água

Coisa tão natural para nós que vivemos no meio urbano: abrir a torneira. De onde vem a água?Não importa. Mas quando tão simples ato é ameaçado quando a conta não é paga?
Dia 25, pagamento, costumava levar as contas do mês e quitá-las em seu caminho de volta, conferiu pela milésima vez as papeladas opressoras e contou os centavos, pois jamais deixava troco para operadores de caixa. Pagou tudo como fazia há anos e nem sequer se deu conta de sua falta de atenção, quando ao chegar a casa foi questionado pela esposa:
- Pagaste tudo?
Respondeu mecanicamente:
-E alguma vez deixei de fazê-lo?
A esposa franziu o cenho e voltou à cozinha. Julinho, filho adolescente, estava no sofá entregue ao seu novo hábito, adquirido recentemente, diga-se de passagem, livros de vampiros. Ele, o pai, achava aquilo uma boiolice, mas que pai seria se criticasse o interesse do filho pelos livros... Paciência.
Após o jantar a esposa voltou novamente ao assunto, como que para irritá-lo.
-Me entregue o recibo das contas sim?
Após um longo suspiro ela tenta ser gentil:
-E por que esse interesse tão repentino? Acaso queres se oferecer a pagar as próximas?
Vermelha por vergonha ou humilhação, manteve o mesmo tom inquisidor:
- Dê-me para guardar. Imagina se há algum erro nos computadores da loteria e o pagamento não é registrado, podemos ficar sem luz ou sem água...
O último argumento era quase um desespero, e após refletir ele acabou cedendo. E ela guardou todos os recibos, todas as contas pagas, sentia-se orgulhosa como se ela tivesse pagado com seu próprio dinheiro.
No mês seguinte a surpresa. Não há água na torneira, no chuveiro, na descarga... Ela pega o telefone:
_Alô, que absurdo é esse, como espera que possamos ficar sem água? Exijo um reparo imediatamente!
Uma atendente comum, com voz bonita e texto ensaiado, exerce seu trabalho no outro lado da linha, acostumada a grosserias, responde com a maior paciência:
-“...”
_Como não podem? Nós pagamos as contas todos os meses!
-“...”
- Como não registraram pagamento! Eu tenho o recibo sua incompetente!Processo em vocês!Ouviu bem!
Desliga o telefone como se o próprio aparelho tivesse culpa, ruma em direção aos recibos guardados tão carinhosamente e não encontra, revira novamente: nada de conta d’água. “Opa”.
Acorda o marido:
-Por que não pagaste a conta de água miserável!Deixar sua família sem água!Teu covarde imundo!
Ele meio dormindo meio acordado:
-Está louca mulher?Que absurdo é esse que falas?Pago todas as contas sempre, coisa que você bem poderia ajudar arrumando um emprego!
Engolindo em seco nova humilhação debate:
-Pois desta vez erraste!Cá não está o recibo da conta de água, onde enfiaste? Tu não passas de um inútil!
Obviamente ele nunca admitiria que estava passando tal humilhação por um bobo esquecimento, reviraram os dois os recibos, pastas, gavetas : nada.
Pensou em ouvir insultos da mulher durante o resto ano, de certo havia perdido a tal conta, já que tê-las com ele era de sua responsabilidade, pensou, algo o atingiu:
-Mulher! Não imaginas o que aconteceste!Eu estava lendo um dos livros do Julinho!Livro fascinante aquele... E devo ter posto a conta lá dentro, com certeza foi isso!Acorde o Julinho e mande-o que traga o tal livro que ele estava lendo deitado no sofá certo dia, a conta está lá dentro...

Bruna A. 08/08/2.010

Não estava lá...

Ela entrou como uma bala, e foi direto para a estante onde estava o livro do Veríssimo... As mentiras que os homens contam.
Ela o folheou várias vezes, olhou pra mim e disse:
- Minha mãe, disse que havia colocado a conta aqui... mas ela não está.
Levantei-me e fui ajudá-la... Ela estava agitada.
Procuramos em vários livros...
Todos que ela havia levado pra casa. E não foram poucos...
Até que ela desistiu.
- Ela não sabe onde põe as coisas... Onde já se viu colocar uma conta num livro que nem era dela...
Estava zangada, revoltada..
- Ela deve é ter perdido essa conta! Tenho que voltar pra casa professora, disse ela pra mim...
Despedimo-nos...
Ela havia passado todo o seu dia ali comigo na biblioteca, estudando... conversando... me ajudando...
Havíamos combinado de nos ver no dia seguinte... Estou lhe ensinando alguns trabalhos em linha e lã, ela viria me mostrar...
Checando os e-mails, à noite, vi o seu recado...
- Não poderei ir amanhã! Estava escrito por ela.
Não disse o por quê...
Amanheceu, o dia passou e nenhuma notícia... Ela realmente não apareceu....
Na manhã seguinte fui saber de toda a história...
- O que aconteceu ontem? Perguntei. Algum problema?
- 1º, minha mãe colocou a culpa em mim, pelo sumiço da conta. E claro, que por conta disso eu tive de ir, lá em Alcântara, tirar uma 2ª via...
- Porque não pediu pelo telefone ou pela internet? Perguntei-lhe.
- Minha mãe gosta de complicar, ela não entende... A atendente disse que enviaria pelo correio dentro de uma semana. Ela não quis esperar.
- Coisa de mãe... rsrsrs
- Ah! Tem mais... Como eu sou sortuda, peguei conjuntivite... Sabe Deus de quem!
- E como está sua vista?
- Parece que levei um soco... Me disseram que é por causa do frio que as pessoas pegam conjuntivite...
- De certa forma... No frio as pessoas ficam em lugares fechados e por causa disso, as doenças viróticas se propagam mais facilmente.
Ela ficará por um tempo sem aparecer... Até ficar boa de sua vista. Falaremos pelo MSN, por e-mail...
Enquanto conversávamos, perguntei-lhe o que estava fazendo quando eu a chamei...
- Buscando assuntos pra escrever uma crônica... Nada de mais, é um trabalho do livro, ela me respondeu...
- Já pensou em algo?
- Rachas de carro. Tempos atrás, vi uma reportagem legal na TV, por causa do filho daquela artista que foi atropelado.
Eu a interrompi, voltando para conta...
- Que tal escrever sobre a conta de luz? rsrssrsr
- É conta de água, kkkkkkkk
- Sim, tanto faz...
- Credo! Vou exorcizar essa conta!
- Com uma crônica, poderia ser legal...
- Mas qual seria a mensagem?
- Pode ser a intransigência, da sua mãe, ou a falta de responsabilidade...
- No fundo, eu acho que ela perdeu a conta. E sabe disso.
- O que tem que ter numa crônica?
- Tem que ser um relato rápido, sobre situações cotidianas...
- Sim, e o que mais?
- Tem que conter algo subtendido...
- Com humor?
- Como uma moral, pode ou não ter humor, dependendo do veículo.
- Entendi...
- Tem crônica em forma de poesia... É de péssimo gosto!
- Por quê?
- Perde toda a graça... Poesia é poesia e crônica é crônica!
- É verdade! Mas acho q seria interessante, me deu até vontade de escrever também...
- Faça uma crônica jogral
- Sobre a conta... rsrsrs, não estou falando de poesia., e sim da conta como tema.
- Sim, nem passou pela minha cabeça...
- Escreva, vou tentar escrever também...
- É... Nada mais cotidiano... Sobre a conta!
- O seu cotidiano... Vamos escrever?
- A conta vai ficar famosa.
- Uma crônica sobre a conta que tal? Topa?
- Topo!
A minha está aqui... Consegui!
Na verdade nem sei se isso é uma crônica... Mas escrevi...
Vamos esperar pela dela....


Regina 07/08/2010