25 de ago. de 2010

Quarta-feira, cão e arroz


Andava as voltas para escrever minha crônica semanal, com um tema tão insólito como o arroz, o que se pode dizer do arroz além de que nos serve como alimento e para alguns tratamentos estéticos de resultados duvidosos. Como a dona chefa não deixaria passar em branco e diariamente me interrogava: e a crônica? Já escreveu? Não suportando mais tanta pressão decidi: Hoje escreverei qualquer besteira que seja para não estragar o projeto que ainda está no inicio...
Ironicamente, meus planos de escrever tiveram de ficar para outra hora, minha mãe ligou e pediu que eu fizesse o arroz para janta, deu vontade rir, mas achei perigoso para inspiração tal blasfêmia. Seguindo os procedimentos básicos para preparo, descascar o alho, amassá-lo violentamente, e o arroz lava ou não? Melhor não, economizo tempo. Totalmente concentrada em meus dilemas importantíssimos sou surpreendida: Susto! Um cão entrou na cozinha da minha casa aparentemente faminto. Gritei. Ele correu assustado. Fiquei com raiva, muita raiva, fiquei condoída com o cãozinho, mesmo assim gritei, tentei me justificar pra mim mesma: quem mandou aparecer assim repentinamente?Não sou adivinha...
Lembrei que animais têm olhos dóceis, meu gato tinha, na primeira vez que ele adoeceu eu tive tanto medo de perdê-lo, ele era tão alegre e eu estava tão acostumada, mas ele se recuperou, sempre há uma segunda chance. Enquanto lembrava nostalgicamente tal episódio nem notei que o diabinho voltara, e ainda por cima abanando o rabo energicamente, tão intimo já... Será que os animais conseguem perceber quando temos amor para dar?Até me simpatizei com o fulano, mas não podia me agarrar à ilusão de tê-lo, não retribui suas festinhas desinteressadas. Fui à geladeira e despejei todas as comidas “passadas” num recipiente e dei para ele comer, ele comeu sôfrego, depois lhe dei água e ele bebeu avidamente, e depois?... Ficou me abanando a cauda imunda, sorri e lhe disse:
-De nada...
Ele permaneceu me olhando e balançando o tal do rabo, bati o pé próximo a ele para que fosse, não foi, joguei um pouco de água nele e ele se foi correndo,fui até o portão e observei que direção seguia, continuava a abanar o rabo, talvez não fosse gesto de simpatia, mas um tique nervoso canino vai saber...
Voltei a panela de arroz, penso que hoje o dia terminou melhor do que começou, algo como uma segunda chance.

Bruna A. 25/08/2.010

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