7 de out. de 2012

CORAÇÃO





Keila e eu fomos ver uma exposição sobre Regina Duarte, um dos principais destaques é um espetáculo, um monólogo, chamado CORAÇÃO BAZAR, não é um dos sucessos da sua carreira mas é bem intencionado, ela interpreta sete personagens sob várias facetas femininas. O espetáculo inclui ainda citações de Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Gullar, Leminski e dela mesma, entre outros. O principal objetivo é abrir o coração (Ou abrir-se de coração), fazer da maturidade um ato de reflexão, de doação, enfim a metamorfose (Não a de Kafka, porque provavelmente ele não o tinha). Mas o coração, pequeno e frágil órgão humano, que com o tempo não aguenta e sucumbe, em alguns momentos fraco e empidermido, mas sempre batendo por alguém, nunca egoísta, nunca completamente mau, parcialmente confiável, assim como escreveu Natsume Soseki em Kokoro*: "Agora, neste momento, estou para rasgar o meu próprio coração para banhar com meu sangue o seu rosto. Eu ficaria satisfeito se, no momento em que meus batimentos cessarem, você esteja gerando uma nova vida em seu coração".
Mas saindo do mundo literário, aquele órgão símbolo do amor e dos bons sentimentos é de fato um baú, mas ao oposto do cérebro é o bazar das coisas inúteis, das decepções, das ilusões, essa semana eu vou sair por ai cantando uma música bem chata que por pura conscidencia grudou em minha memória: "coração, coração larga de ser besta coração..."

*kokoro é coração em japonês


Bruna A. 07/10/2012




"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero."

Alvaro do Campo, F. Pessoa in Passagem das horas