23 de ago. de 2010

Não estava lá...

Ela entrou como uma bala, e foi direto para a estante onde estava o livro do Veríssimo... As mentiras que os homens contam.
Ela o folheou várias vezes, olhou pra mim e disse:
- Minha mãe, disse que havia colocado a conta aqui... mas ela não está.
Levantei-me e fui ajudá-la... Ela estava agitada.
Procuramos em vários livros...
Todos que ela havia levado pra casa. E não foram poucos...
Até que ela desistiu.
- Ela não sabe onde põe as coisas... Onde já se viu colocar uma conta num livro que nem era dela...
Estava zangada, revoltada..
- Ela deve é ter perdido essa conta! Tenho que voltar pra casa professora, disse ela pra mim...
Despedimo-nos...
Ela havia passado todo o seu dia ali comigo na biblioteca, estudando... conversando... me ajudando...
Havíamos combinado de nos ver no dia seguinte... Estou lhe ensinando alguns trabalhos em linha e lã, ela viria me mostrar...
Checando os e-mails, à noite, vi o seu recado...
- Não poderei ir amanhã! Estava escrito por ela.
Não disse o por quê...
Amanheceu, o dia passou e nenhuma notícia... Ela realmente não apareceu....
Na manhã seguinte fui saber de toda a história...
- O que aconteceu ontem? Perguntei. Algum problema?
- 1º, minha mãe colocou a culpa em mim, pelo sumiço da conta. E claro, que por conta disso eu tive de ir, lá em Alcântara, tirar uma 2ª via...
- Porque não pediu pelo telefone ou pela internet? Perguntei-lhe.
- Minha mãe gosta de complicar, ela não entende... A atendente disse que enviaria pelo correio dentro de uma semana. Ela não quis esperar.
- Coisa de mãe... rsrsrs
- Ah! Tem mais... Como eu sou sortuda, peguei conjuntivite... Sabe Deus de quem!
- E como está sua vista?
- Parece que levei um soco... Me disseram que é por causa do frio que as pessoas pegam conjuntivite...
- De certa forma... No frio as pessoas ficam em lugares fechados e por causa disso, as doenças viróticas se propagam mais facilmente.
Ela ficará por um tempo sem aparecer... Até ficar boa de sua vista. Falaremos pelo MSN, por e-mail...
Enquanto conversávamos, perguntei-lhe o que estava fazendo quando eu a chamei...
- Buscando assuntos pra escrever uma crônica... Nada de mais, é um trabalho do livro, ela me respondeu...
- Já pensou em algo?
- Rachas de carro. Tempos atrás, vi uma reportagem legal na TV, por causa do filho daquela artista que foi atropelado.
Eu a interrompi, voltando para conta...
- Que tal escrever sobre a conta de luz? rsrssrsr
- É conta de água, kkkkkkkk
- Sim, tanto faz...
- Credo! Vou exorcizar essa conta!
- Com uma crônica, poderia ser legal...
- Mas qual seria a mensagem?
- Pode ser a intransigência, da sua mãe, ou a falta de responsabilidade...
- No fundo, eu acho que ela perdeu a conta. E sabe disso.
- O que tem que ter numa crônica?
- Tem que ser um relato rápido, sobre situações cotidianas...
- Sim, e o que mais?
- Tem que conter algo subtendido...
- Com humor?
- Como uma moral, pode ou não ter humor, dependendo do veículo.
- Entendi...
- Tem crônica em forma de poesia... É de péssimo gosto!
- Por quê?
- Perde toda a graça... Poesia é poesia e crônica é crônica!
- É verdade! Mas acho q seria interessante, me deu até vontade de escrever também...
- Faça uma crônica jogral
- Sobre a conta... rsrsrs, não estou falando de poesia., e sim da conta como tema.
- Sim, nem passou pela minha cabeça...
- Escreva, vou tentar escrever também...
- É... Nada mais cotidiano... Sobre a conta!
- O seu cotidiano... Vamos escrever?
- A conta vai ficar famosa.
- Uma crônica sobre a conta que tal? Topa?
- Topo!
A minha está aqui... Consegui!
Na verdade nem sei se isso é uma crônica... Mas escrevi...
Vamos esperar pela dela....


Regina 07/08/2010

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