20 de jan. de 2015

Para um flamboyant partindo

Para Raquel Souza




Sempre que penso em escrever algo, tomo como ponto de partida algum fato ou pensamento que ocorreu no passado e que merece ser rememorado. Hoje, vendo a linda foto que você tirou junto ao um pé de flamboyant em flor me trouxe à tona um texto de Caio F. Abreu que te recomendei há alguns anos (será isso tudo?), “Para um avenca partindo”. O pequeno conto, narrado em primeira pessoa, tem como cenário uma estação rodoviário onde um rapaz está se despedindo de uma moça que embarcará no próximo ônibus. Ele a descreve como uma planta, uma avenca, que ele plantou em si de forma insuspeitada, mas que cresceu descomunalmente e invadiu cada canto do seu ser. Infelizmente, para ele, ela está partindo, ele não guarda mágoas, ele entende que quando chega a hora de partir, os que ficam para trás já não importam.

Assim é crescer. Crescer é dizer adeus, formalmente ou não. Quando estamos na fase “muito ocupados” já estamos nos despedimos e nem percebemos. Quando nos damos conta, nossos interesses já são outros, nossos amigos são mais velhos, a opinião da família já não nos interessa tanto e o mundo não é mais tão legal. Começamos a ser nós mesmos. A principio, de forma desajeitada, ao longo do tempo começamos a “nos virar” e se dermos sorte, viramos qualquer coisa incorrigível, fiel a própria essência. Embora o mutável e renovável ande em voga.  

Claro que ainda há muito a dizer sobre isso, mas eu também ainda estou em descoberta.

Bruna A.

16.01.2015

19 de jan. de 2015

Dialéticas


Próxima de completar 23 anos tudo que consigo pensar é no que vai acontecer e no que poderia ter acontecido. Dilemas que destroem possibilidades. Somos o que somos e ainda assim seríamos capazes de agir de forma diferente se precisássemos reviver situações? O que nos norteia e nos limita senão a própria dialética da natureza humana?

Antecipar ou rememorar?

Pedir ou agir?

Viver ou morrer?

Publicitar ou privatizar?

Ir ou esperar?

Insistir no plano A ou rumar para o plano B?

Como saber quando acaba? Quando perceber que já não há mais o que fazer? Onde podemos encontrar todas essas respostas que nos ajudariam a termos uma vida digna e pacífica? Ou será que assim como em uma prova, aquele que faz as perguntas também é o detentor das respostas?

Entre continuar a andar por aí, sem destino, sem propósito, caminhando por milhas refletindo todos os estados de espírito possíveis. Desistir é uma opção?

Sempre esperando acontecer o que nunca acontece, sempre se afetando pelo que é ostensivo e também pelo invisível. Até quando insistir? Quem nos avisa? Quem nos salva?

Bruna A.