20 de ago. de 2011

O pedido


Lá estava ela. Sentada no final da biblioteca, estudando. Matemática? Acho que sim.
Serena, atenciosa, demonstrava seu jeito meigo debaixo dos seus cachos negros, enfeitados com sua presilha brilhante.
Tão jeitosinha...!
Nada esperava... apenas entender aquela matéria.
Sua amiga, depois de achar o livro que queria, sentou-se na sua frente. No silêncio da biblioteca... Aliás, o barulho que havia ali era o das páginas dos livros e dos dedos da bibliotecária sobre o teclado do computador.
Até que chegou mais alguém naquele lugar...
Alguém, sem nenhum compromisso, que olhou para a adolescente dos cachos negros e para a sua amiga.
Olhou, normalmente, como você ou eu olharíamos.
E foi certeiro na caixa de livros de Literatura Juvenil.
Parecia decisivo, sabia o que queria, sabia que ali estava o livro certo, aquele livro, com aquela capa, com aquele nome.
E surpreendentemente, decisivamente, arrogantemente, mais com um amor... ah, que amor!
Será que era amor? Pareceu amor... Será que podemos enxergar o amor?
Ah, eu só de ouvir esta estória enxerguei, visualizei... e escrevo: o rapaz pôs o livro que pegou da caixa sobre o que a adolescente estava lendo.
O nome do livro? “Quer ficar comigo?”.
Os cachos negros se espantaram, de acordo com a batida do coração da adolescente...
Imagine: Matemática ser interrompida por uma atitude dessas?
A adolescente pasmou. Não sabia o que fazer.
Sorrir? Sair dali?
Tratar o rapaz de um jeito áspero e grosso? Retribuir o carinho dele?
O que fazer? O que fazer, diante dos olhos verdes daquele príncipe? Diante daquela situação?
Mas, ele se cansou de esperar a resposta...
E saiu dali dando gargalhadas...

Raquel de Abreu Souza

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