Para Raquel Souza
Sempre que penso em escrever algo, tomo como ponto de
partida algum fato ou pensamento que ocorreu no passado e que merece ser
rememorado. Hoje, vendo a linda foto que você tirou junto ao um pé de flamboyant
em flor me trouxe à tona um texto de Caio F. Abreu que te recomendei há alguns
anos (será isso tudo?), “Para um avenca partindo”. O pequeno conto, narrado em
primeira pessoa, tem como cenário uma estação rodoviário onde um rapaz está se
despedindo de uma moça que embarcará no próximo ônibus. Ele a descreve como uma
planta, uma avenca, que ele plantou em si de forma insuspeitada, mas que
cresceu descomunalmente e invadiu cada canto do seu ser. Infelizmente, para
ele, ela está partindo, ele não guarda mágoas, ele entende que quando chega a
hora de partir, os que ficam para trás já não importam.
Assim é crescer. Crescer é dizer adeus, formalmente ou não.
Quando estamos na fase “muito ocupados” já estamos nos despedimos e nem
percebemos. Quando nos damos conta, nossos interesses já são outros, nossos
amigos são mais velhos, a opinião da família já não nos interessa tanto e o
mundo não é mais tão legal. Começamos a ser nós mesmos. A principio, de forma
desajeitada, ao longo do tempo começamos a “nos virar” e se dermos sorte,
viramos qualquer coisa incorrigível, fiel a própria essência. Embora o mutável
e renovável ande em voga.
Claro que ainda há muito a dizer sobre isso, mas eu também
ainda estou em descoberta.
Bruna A.
16.01.2015
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